Os Alcoólicos Anônimos (AA) estão completando 82 anos no apoio e recuperação de quem precisa parar de beber.
O AA é um trabalho voluntário. Pessoas que aprenderam a lidar com uma doença crônica e séria, como o alcoolismo, que se não for detida é fatal.
A reunião do AA é importante para conscientizar a sociedade de que o alcoolismo é uma doença e o A.A. pode ajudar no tratamento dela para qualquer pessoa, seja homem ou mulher.
A equipe dos Alcoólicos Anônimos convida a comunidade para participar de uma Reunião de Informação ao Público, que acontecerá no dia 20 de junho as 20 horas, no auditório do Santuário São Judas Tadeu.
ALCOOLISMO NA SOCIEDADE E NA FAMÍLIA
Desde 1967, a OMS (Organização Mundial da Saúde) considera o alcoolismo uma doença e recomenda que as autoridades encarem o assunto como questão de saúde pública.
Alcoólicos Anônimos, uma Irmandade fundada em 10 de junho de 1935 aceita como verdadeira a afirmação da OMS ao mesmo tempo em que tem no conjunto de seus princípios uma certeza que o seu propósito primordial é de ajudar seus membros a se manterem sóbrios e ajudar outros alcoólatras que sofrem nas garras do alcoolismo a encontrarem a sua sobriedade.
Na busca da sobriedade e na esperança de ajudar outros que sofrem da doença alcoolismo cada membro individualmente busca transmitir a mensagem de Alcoólicos Anônimos a quantos puderem alcançar. Porém muitos que sofrem do alcoolismo não estão ao alcance de cada membro individualmente, mas podem ser abordados através de terceiros que conheçam o programa de recuperação oferecido gratuitamente por Alcoólicos Anônimos. É justamente com esse objetivo de fazer com que a mensagem de A.A. chegue ao maior número possível de pessoas, alcoólicas ou não, que a Irmandade de Alcoólicos Anônimos realizará no dia 19 de outubro do corrente ano um seminário cujo tema é: Alcoolismo na Sociedade e na Família.
O seminário é voltado para um público que no seu dia a dia depara com pessoas que precisam de ajuda para se livrarem do alcoolismo ou lidam com amigos e familiares de alcoólatras que já não sabem mais o que fazer com seu ente querido. Faz parte desse público alvo pessoas das mais variadas atividades profissionais desde médicos, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, gerentes de recursos humanos, chefes e segurança, promotores de justiça, advogados, religiosos e responsáveis por instituições beneficentes, entre tantos outros.
O que é A.A.
Alcoólicos Anônimos é uma irmandade mundial de homens e mulheres que se ajudam mutuamente a permanecerem sóbrios. Eles oferecem a mesma ajuda a qualquer um que tenha um problema com a bebida e queira parar de beber. Por serem todos alcoólicos, eles têm uma compreensão mútua especial. Sabem como essa doença os atinge – e aprenderam como se recuperar do alcoolismo dentro dos princípios de A.A.
Os membros de A.A. dizem que hoje são alcoólicos – mesmo que não bebam há anos. Eles não dizem que estão “curados”. O alcoolismo é, em nossa opinião, uma doença física, mental e espiritual, progressiva, incurável e de término fatal. Uma vez que a pessoa tenha perdido a possibilidade de controlar a bebida, nunca mais é possível beber controladamente – ou, em outras palavras, ele nunca pode tornar-se um “antigo alcoólico” ou um “ex-alcoólico”. Mas, em A.A., ele pode tornar-se um alcoólico sóbrio, um alcoólico em recuperação.
A posição do A.A. no campo do alcoolismo.
A história de A.A. está repleta de nomes de não-alcoólicos. São profissionais e leigos que se interessam pelo programa de recuperação de A.A.. Milhões de nós devemos nossas vidas a essas pessoas e nossa dívida de gratidão não tem limites.
Os números que aparecem, a seguir, baseiam-se no relatório da 62ª. Conferência de Serviços Gerais, realizada em New York, entre os dias 22 e 27 de abril de 2012, divulgado no Box 4-5-9 do Verão de 2012. A Irmandade funciona através de mais de 114.070 Grupos locais em, aproximadamente, 180 países, incluindo 60 países que têm Escritório de Serviços Gerais Autônomos. Milhões de alcoólicos têm alcançado a sobriedade em A.A., mas seus membros reconhecem que seu programa não é sempre eficaz com todos os alcoólicos e que alguns necessitam de aconselhamento e tratamento profissional.
A.A. preocupa-se, unicamente, com a recuperação pessoal e contínua dos alcoólicos que procuram socorro na Irmandade. O movimento não se dedica a pesquisas sobre alcoolismo ou ao tratamento médico ou psiquiátrico, e não apoia quaisquer causas – embora os membros de A.A. possam participar como indivíduos. O movimento adotou a política de “cooperação, mas não afiliação” com outras organizações que se dedicam ao problema do alcoolismo. Alcoólicos Anônimos é autossuficiente, através de seus membros e Grupos, recusando contribuições de fontes externas. Os membros de A.A. preservam seu anonimato pessoal em nível de imprensa, filmes, rádio, TV, internet e outros meios de comunicação.
Que são Grupos de A.A.?
A unidade básica em A.A. é o grupo local (do bairro ou cidade) que é autônomo, salvo em assuntos que afetem outros grupos de A.A. ou à Irmandade como um todo. Nenhum grupo tem poder sobre seus membros. Os grupos, geralmente, são democráticos, assistidos por “comitês de serviços” de curtos períodos de mandato. Desta maneira, nenhum grupo de A.A. tem uma liderança permanente, pois o importante é a rotatividade no serviço.
Que são Reuniões de A.A.?
Cada grupo realiza reuniões regulares, nas quais os membros relatam entre si suas experiências, forças e esperanças em seu processo de recuperação seguindo aos sugeridos “DOZE PASSOS” e às “DOZE TRADIÇÕES” sugeridas para as relações dentro da Irmandade e com a comunidade de fora. Existem reuniões abertas para qualquer pessoa interessada e reuniões fechadas somente para alcoólicos.
Quem são os Membros de A.A.?
Para ser membro de A.A. basta o desejo de parar de beber. Homens e mulheres provenientes de todos os níveis sociais, desde adolescentes até pessoas com idade avançada, de todas as raças, de todos os tipos de afiliações religiosas ou mesmo sem afiliação religiosa nenhuma. Os membros de A.A. ajudam qualquer alcoólico que demonstre interesse em ficar sóbrio e solicite ajuda. Os membros de A.A. têm satisfação em compartilhar suas experiências com qualquer pessoa interessada, seja em conversações ou em reuniões formais.
O que A.A. não faz?
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- A.A. não leva os membros a tentar convencer alcoólicos a ingressar na Irmandade. A.A. é para os alcoólicos que querem alcançar sobriedade.
- A.A. não vigia seus membros para ver se vão beber ou não, A.A. ajuda os alcoólicos a se ajudarem.
- A.A. não é uma organização religiosa. Todos os membros são livres para decidir sobre as suas próprias ideias a respeito do significado da vida.
- A.A. não é uma organização médica, não dá remédios nem orientação psiquiátrica.
- A.A. não dirige quaisquer hospitais, ambulatórios, sanatórios; nem fornece serviços de enfermagem.
- A.A. não tem ligação com qualquer outra organização. Mas A.A. coopera com organizações que combatem o alcoolismo. Alguns membros trabalham para tais organizações – mas por motivos pessoais – não como representantes de A.A.
- A.A. não aceita dinheiro de fontes fora de A.A. nem particulares ou governamentais.
- A.A. não oferece qualquer serviço social, não oferece hospedagem, comida, roupa, emprego ou dinheiro. A.A. ajuda o alcoólico a permanecer sóbrio, para que ele possa conseguir essas coisas por si mesmo.
- Alcoólicos Anonimos enfatiza o “anonimato” dos membros da Irmandade. Não admite que os nomes de seus membros apareçam na TV, rádio, jornais, internet ou qualquer outro meio de divulgação. E membros não citam nomes de outros membros para pessoas fora de A.A. Mas os membros não ficam envergonhados por pertencerem em A.A. Eles apenas querem encorajar mais alcoólicos a encontrar ajuda através de A.A. eles não querem parecer heróis e heroínas simplesmente por cuidarem de sua própria saúde.
- A.A. não fornece cartas de referência a comissões de livramento condicional, advogados, oficiais de justiça, agências de emprego, etc.
História de A.A. no Brasil – Introdução – Seu nascimento e desenvolvimento no Brasil
Corria o ano de 1945, um membro viajante norte americano, de nome Bob Valentine, amigo de Bill W, de passagem pelo Rio de Janeiro, então capital nacional, conhece uma pessoa também americana (não está totalmente definido se era homem ou mulher), com o nome de Lynn Goodale. Após conversar com Bob Valentine, Lynn encontra a sobriedade. A Fundação do Alcoólico era a responsável direta pela correspondência de Alcoólicos Anônimos com a sociedade e o elo entre a correspondência de seus membros. Portanto, Bob Valentine, de volta aos EUA, em visita à Fundação, passa-lhe o endereço de Lynn, como possível contato no Brasil.
Prontamente, a secretária da Fundação do Alcoólico escreve-lhe uma carta na qual solicita a confirmação do contato brasileiro, dizendo-se feliz por poder assinalar um ponto na cidade do Rio de Janeiro em seu mapa de contatos no exterior. Ao receber essa correspondência, Lynn responde afirmativamente sobre incluir-se como contato de A.A. no Rio de Janeiro e informa que sua estada no Brasil seria por pouco tempo. Solicita também algum material (memorandos, boletins etc.) e diz:
“Há quatro meses evito o primeiro gole; fazendo algo, creio que manterei minha sobriedade (…) gostaria de ter alguma participação no crescimento de Alcoólicos Anônimos aqui no Brasil.”
A carta de agosto de 1945, assinada por Margareth Burger, então secretária da Fundação do Alcoólico, não altera muito os acontecimentos mas marca o final da correspondência e Lynn Goodale sai de cena. No ano seguinte, a Fundação do Alcoólico recebe a seguinte correspondência, vinda do Brasil:
“Rio de Janeiro, Brasil, 19 de junho de 1946.
Ao Secretário do A.A. Cosmopolitan Club – Nova Iorque
Prezado Secretário:
Há coisa de um mês o remetente desta esteve em seu escritório e, ante-cipadamente prevendo sua mudança aqui para o Rio de Janeiro, solicitou algum contato com um membro de A.A. Fui gentilmente informado do nome de Lynn Goodale – Av. Almirante Barroso nº 91, como tal, lamento informar que devido ao meu precário português, ou pelo endereço incompleto, fui incapaz de localizar essa pessoa e o auxílio das listas telefônicas locais também foi insuficiente.
Você teria a paciência suficiente (considerando que o correio aéreo regular consome 29 valiosos dias na ligação Nova Iorque/Rio de Janeiro) de fornecer-me instruções suficiente para contatar essa pessoa ou qualquer outro membro de A.A. no Rio?
Obrigado por seu interesse.
Herbert L. Daugherty – Rua Gustavo Sampaio nº 86 – apto. 402
PS. Você poderá incluir-me como contato para o futuro?”
Tratava-se de Herbert L., um publicitário norte-americano, sóbrio desde 1945, quando conheceu Alcoólicos Anônimos em Chicago, que veio ao Rio de Janeiro, juntamente com sua esposa Elizabeth, para cumprir um contrato de três anos como diretor de arte numa grande companhia internacional de publicidade.
A resposta da Fundação trouxe-lhe o nome de outras pessoas, Don Newton e Douglas Calders, as quais poderiam ajudá-lo; informou-lhe sobre a postagem de um “suprimento grátis de literatura” e trouxe-lhe um pedido de abordagem a um jovem de Recife.
Preocupado em manter sua sobriedade e decidido a começar um Grupo de A.A. no Rio, Herb (como era conhecido) decide escrever à Fundação, meses depois do último contato, dizendo não ter encontrado as pessoas indicadas. Nessa carta, datada de 2 de junho de 1947, Herb também informa que ele e sua esposa já haviam se adaptado bem no Brasil e solicita mais nomes e endereços de possíveis AAs no Rio.
“Lynn Goodale e Don Newton deixaram o Rio de Janeiro” – diz a correspon-dência vinda da Fundação, a qual também traz um pedido preocupado: “Não deixes passar outro ano sem correspondência” – e informa ao casal o novo endereço de Douglas C.
As cartas entre a Fundação do Alcoólico e Herb continuaram. Na próxima, Herb envia um cartão constando seu nome e endereço, cadastrando-se oficialmente como contato de A.A. no Brasil.
Quarenta e sete foi o ano dos acontecimentos que culminaram com o início efetivo de A.A. no Brasil. No mês de julho, Herb recebeu endereço de outro AA residente no Rio de Janeiro e alguns panfletos em espanhol e, em outubro, a Fundação expressa sua felicidade pelo início de um Grupo de A.A. no Brasil.
Contudo, há uma lacuna entre a carta de julho e a de outubro. Foi justamente na época que se inicia o primeiro Grupo.
Por que não beber
Nós, membros de Alcoólicos Anônimos, encontramos a resposta a esta pergunta quando olhamos honestamente para nossa vida passada.
Nossa experiência prova claramente que a menor dose causa dificuldade ao alcoólico ou bebedor problema.
Nas palavras da Associação Médica Americana:
“O álcool, além de sua propriedade viciante, possui também um efeito psicológico que modifica o pensamento e o raciocínio. Uma só dose pode mudar o processo mental de um alcoólico, de modo que ele acha que pode agüentar outra… outra e outra…
O alcoólico pode aprender a controlar inteiramente a sua doença, mas a enfermidade não pode ser curada de modo que ele possa voltar ao álcool sem consequência adversa.” (De uma declaração oficial publicada a 31 de julho de 1964).
Para surpresa nossa, ficar sóbrio não é a experiência horrível e enfadonha que prevíamos! Quando bebíamos, viver sem o álcool parecia não ser vida.
Mas, para a maioria dos membros de A. A., viver sóbrio é realmente viver – uma experiência repleta de alegria e que achamos muito melhor do que os problemas que tínhamos quando bebíamos.
Uma observação a mais: qualquer pessoa pode parar de beber e ficar sóbria. Todos nós já fizemos isso uma porção de vezes. A arte é permanecer “e viver” sóbrio.
Perguntas e Respostas sobre Alcoólicos Anônimos
Milhões de pessoas provavelmente ouviram ou leram a respeito de Alcoólicos Anônimos desde seu início, em 1935. Algumas estão relativamente familiarizadas com o programa de recuperação do alcoolismo, que já ajudou mais de 2 milhões de bebedores problemas.
Outros têm somente uma vaga impressão de que A.A. é algum tipo de organização que, de alguma forma, consegue ajudar os bêbados a parar de beber.
Nesta Seção, incluímos respostas a muitas perguntas específicas que foram feitas no passado a respeito de A.A. Constituem a história de uma sociedade de homens e mulheres que compartilham de um grande interesse comum: o desejo de permanecer sóbrios e de ajudar outros alcoólicos que procuram ajuda para seus problemas causados pelo álcool.
Os milhares de homens e mulheres que entraram para A.A. nos últimos anos não são altruístas “bonzinhos”. Seu entusiasmo e disposição para ajudar outros alcoólicos poderiam denominar-se de interesse próprio.
Os membros de A.A. admitem que sua própria sobriedade depende principalmente do contato contínuo com outros alcoólicos.
Alcoólicos Anônimos é uma Irmandade de homens e mulheres que compartilham suas experiências, forças e esperanças, a fim de resolverem seu problema comum e ajudarem outros a se recuperarem do alcoolismo.
O único requisito para tornar-se membro é o desejo de parar de beber. Para ser membro de A.A. não há taxas ou mensalidades; somos autossuficientes, graças às nossas próprias contribuições.
A.A. não está ligada a nenhuma seita ou religião, nenhum movimento político, nenhuma organização ou instituição; não deseja entrar em qualquer controvérsia; não apóia nem combate quaisquer causas.
Nosso propósito primordial é mantermo-nos sóbrios e ajudar outros alcoólicos a alcançarem a sobriedade.
O início de A.A. no mundo
A centelha que daria origem ao primeiro grupo de A.A. foi acesa em Akron, Ohio, em junho de 1935, durante uma conversa entre um corretor da Bolsa de Valores de New York e um médico de Akron. Seis meses antes, o corretor havia sido libertado de sua obsessão pela bebida por uma repentina experiência espiritual, após um encontro com um amigo alcoólico que havia estado em con-tato com os Grupos Oxford daquela época. Ele havia, também, recebido muita ajuda do falecido Dr. William D. Silkworth, médico de New York e especialista em alcoolismo, hoje considerado um santo médico pelos membros de A.A. e cuja história a respeito dos primeiros dias de nossa Sociedade estão em nossos livros. Com este médico, o corretor aprendeu sobre a gravidade do alcoolismo.
Embora não conseguisse aceitar todos os dogmas dos Grupos Oxford, ele se convenceu da necessidade de um inventário moral, da confissão dos defeitos de personalidade, da reparação junto aos que havia prejudicado, da ajuda ao próximo e da necessidade de acreditar e confiar em Deus.
Antes de sua viagem a Akron, o corretor havia trabalhado muito junto a vários alcoólicos, baseado na teoria de que somente um alcoólico poderia ajudar outro alcoólico, mas o único a quem conseguira manter sóbrio havia sido ele próprio. O corretor fora a Akron tratar de negócios que não.deram certo, o que o deixou com muito medo de começar a beber novamente. De repente, percebeu que, para se salvar, precisava levar sua mensagem a outro alcoólico. Esse outro alcoólico foi o médico de Akron.
O médico, várias vezes, havia tentado resolver seu problema alcoólico através de recursos espirituais, mas não obteve sucesso. Porém, quando o corretor lhe transmitiu a descrição do Dr. Silkworth a respeito do alcoolismo e seu caráter incurável, o medico começou a buscar o remédio espiritual para sua doença com uma determinação da qual nunca antes fora capaz. Parou de beber e permaneceu sóbrio até o momento de sua morte em 1950. Isto pareceu provar que um alcoólico podia exercer sobre outro alcoólico um efeito impossível de ser conseguido por qualquer não alcoólico. Demonstrou também que um trabalho persistente, de um alcoólico com outro, era vital para a recuperação permanente.
Por isto, os dois homens começaram, quase freneticamente, a tentar persuadir os alcoólicos que chegavam à enfermaria do Akron City Hospital. Seu primeiro caso, desesperador, recuperou-se imediatamente e tornou-se o terceiro membro de AA. Nunca mais bebeu. Este trabalho em Akron prosseguiu durante todo o verão de 1935. Houve muitos fracassos, mas, de vez em quando, havia um sucesso encorajador. Quando, no outono de 1935, o corretor voltou para New York, o primeiro grupo de A.A. havia sido formado, embora, na época, ninguém se desse conta disso.
Um segundo grupo logo se formou em New York e seu exemplo foi seguido em 1937, com o início de um terceiro, em Cleveland. Além destes, havia alcoólicos solitários que tomaram conhecimento das idéias básicas em Akron ou New York e tentavam formar grupos em outras cidades. No final de 1937, o número de membros com um tempo razoável de sobriedade era suficiente para convencê-los de que uma nova luz havia penetrado no mundo sombrio do alcoólico.
Era então o momento, acreditaram os esforçados grupos, para levar ao mundo sua mensagem e sua inigualável experiência. Esta determinação deu frutos na primavera de 1939, com a publicação deste volume. Os membros somavam então cerca de 100 homens e mulheres. A nova sociedade, ainda sem nome, começou então a ser chamada Alcoólicos Anônimos, a partir do título de seu próprio livro. O período de vôo cego terminou e A.A. entrou numa nova fase de sua época pioneira.
Com o aparecimento do novo livro, muita coisa começou a acontecer. O Dr. Harry Emerson Fosdick, o famoso clérigo, aprovou-o em sua crítica. No outono de 1939, Fulton Oursler, na ocasião editor da Liberty, publicou em sua revista um artigo intitulado “Os Alcoólicos e Deus”. Isto gerou um afluxo de 800 frenéticas consultas ao pequeno escritório de New York, instalado naquele meio tempo. Cada uma das consultas foi criteriosamente atendida, panfletos e livros foram remetidos. Homens de negócios, “deslocando-se dos grupos já existentes, apresentaram-se aos novos membros em potencial. Novos grupos foram criados e descobriu-se, para surpresa geral, que a mensagem de A.A podia ser transmitida tanto pelo correio quanto verbalmente. Em fins de 1939, calculava-se que 800 alcoólicos estavam a caminho da recuperação.
Na primavera de 1940, John D. Rockefeller Jr. ofereceu um jantar a vários amigos, para o qual convidou membros de A.A., a fim de que estes contassem suas histórias. Notícias a respeito chegaram ao conhecimento do grande público. Novamente choveram consultas e muita gente foi às livrarias comprar o livro “Alcoólicos Anônimos”.
Em março de 1941, o número de membros de AA. havia chegado a 2.000. Então, Jack Alexander escreveu um importante artigo no Saturday Evening Post retratou A.A de forma tão convincente para o público que os alcoólicos em busca de ajuda realmente caíram sobre nós como uma avalanche. No final de 1941, A.A contava com 8.000 membros. O processo de crescimento acelerado estava a todo vapor. A.A. se havia transformado em instituição nacional.
Nossa Sociedade entrou então num tímido e emocionante período de adolescência. O teste enfrentado foi o seguinte: Poderiam aqueles inúmeros alcoólicos até então errantes se reunir e trabalhar juntos com sucesso? Haveria discussões a respeito de membros, liderança e dinheiro? Haveria disputas de poder e prestígio? Haveria dissidências que destruiriam a unidade de AA.? Em pouco tempo, A.A. viu-se cercada por estes problemas, por todos os lados e em todos os grupos. Mas, a partir desta alarmante e a princípio dilacerante experiência, nasceu a convicção de que os membros de AA precisavam permanecer unidos ou morreriam separados. Precisávamos unificar nossa Irmandade ou sair de cena.
Assim como havíamos descoberto os princípios através dos quais um alcoólico conseguia se manter vivo, precisávamos desenvolver princípios segundo os quais os grupos de AA e A.A. como um todo conseguisse sobreviver e funcionar de forma eficaz. Acreditava-se que nenhum alcoólico, homem ou mulher, poderia ser excluído de nossa Sociedade; que nossos líderes deveriam servir, jamais governar; que cada grupo deveria ser autônomo e que não seria exercida qualquer terapia profissional.
Não haveria taxas ou mensalidades; nossas despesas deveriam ser cobertas por nossas próprias contribuições voluntárias. Nossa organização deveria se restringir ao mínimo, até mesmo em nossos centros de serviço. Nossas relações públicas deveriam basear-se em atração, não em promoção. Foi decidido que todos os membros deveriam ser anônimos a nível de imprensa escrita, rádio, televisão e cinema. E sob circunstância alguma deveríamos dar endosso, fazer alianças ou entrar em controvérsias públicas.
Esta era a essência das Doze Tradições de A.A. cujo texto integral encontra-se no livro “Os Doze Passos e as Doze Tradições”.
Embora nenhum desses princípios tivesse a força de regras ou leis, já haviam sido, em 1950, tão amplamente aceitos, que foram confirmados por ocasião de nossa primeira Conferência Internacional, realizada em Cleveland. A extraordinária unidade de A.A. é, hoje, um dos maiores trunfos de nossa Sociedade.
Enquanto as dificuldades internas de nossa fase adolescente iam sendo elimi-nadas, a aceitação pública de AA. crescia a passos largos. Havia duas razões principais para que isto ocorresse: o grande número de recuperações e os lares refeitos. O efeito causado por estes se fazia sentir em toda parte. Dos alcoólicos que chegavam a A.A. e realmente se esforçavam, 50% ficavam imediatamente sóbrios e assim permaneciam, 25% chegavam à sobriedade após algumas recaídas e, dos restantes, aqueles que continuavam em A.A. apresentavam melhoras. Milhares de outros freqüentavam umas poucas reuniões de A.A. e, a princípio, decidiam não precisar do programa. Mas um grande número destes – cerca de dois terços – começou a voltar com o passar do tempo.
Outra razão para a ampla aceitação de A.A. foi a dedicação de amigos ligados à medicina, à religião e à imprensa que, ao lado de inúmeros outros, se tornaram nossos hábeis e persistentes advogados. Sem este apoio, teria sido impossível que A.A. progredisse tão depressa.
Alcoólicos Anônimos não é uma organização religiosa. Nem apóia qualquer ponto de vista médico em especial, embora cooperemos amplamente com os médicos, assim como com os religiosos.
Não fazendo o álcool qualquer distinção de cor ou classe, somos uma perfeita amostra do povo e, em terras distantes, o mesmo processo democrático imparcial se está desenvolvendo. Em matéria de afiliações religiosas pessoais, incluímos católicos, protestantes, judeus, hindus, muçulmanos e budistas. Mais de 15% de nossos membros são mulheres.
Atualmente, o número de membros de A.A. cresce na proporção de cerca de vinte por cento ao ano. Por enquanto, diante do problema total de vários milhões de alcoólicos de fato ou em potencial em todo o mundo, conseguimos ainda muito pouco. É bastante provável que jamais sejamos capazes de atingir mais do que uma razoável fração do problema do alcoolismo em todas as suas ramificações. No que se refere à terapia para o alcoólico, certamente não temos o monopólio.
Nossa maior esperança, porém, é que todos aqueles que até agora não tenham encontrado respostas, possam começar a encontrar alguma em um dos nossos grupos, ou em nossa literatura e venham, em breve, juntar-se a nós na estrada de acesso a uma nova liberdade.
Alcoólicos Anônimos iniciou-se em 1935, em Akron, Ohio, com o encontro de Bill W., um corretor da Bolsa de Valores de Nova Iorque, e o Dr. Bob, um cirurgião de Akron. Ambos haviam sido alcoólicos desenganados.
Antes de se conhecerem, Bill e o Dr. Bob tinham tido contato com o Grupo Oxford, uma sociedade composta, em sua maior parte, por pessoas não alcoólicas, que defendia a aplicação de valores espirituais universais na vida diária. Naquela época, os Grupos Oxford da América eram dirigidos pelo renomado clérigo episcopal Dr. Samuel Shoemaker. Sob sua influência espiritual, e com a ajuda de seu velho amigo, Ebby T., Bill havia conseguido sua sobriedade e vinha mantendo sua recuperação trabalhando com outros alcoólicos, apesar do fato de que nenhum de seus “candidatos” haver se recuperado. Entretanto, o fato de ser membro do Grupo Oxford não havia oferecido ao Dr. Bob a suficiente ajuda para alcançar a sobriedade.
Quando finalmente o Dr. Bob e Bill se conheceram, o encontro produziu no Dr. Bob um efeito imediato. Desta vez encontrava-se cara a cara com um companheiro alcoólico que havia conseguido deixar de beber. Bill insistia que o alcoolismo era uma doença da mente, das emoções e do corpo. Esse importantíssimo fato fora-lhe comunicado pelo Dr. William D. Silkworth, do Hospital Towns, de Nova Iorque, instituição em que Bill fora internado várias vezes. Apesar de médico, o Dr. Bob não tivera conhecimento de que o alcoolismo era uma doença. Bob acabou convencido pelas idéias contundentes de Bill e logo alcançou sua sobriedade, e nunca mais voltou a beber.
Ambos começaram a trabalhar imediatamente com os alcoólicos internados no Hospital Municipal de Akron. Como conseqüência de seus esforços, logo um paciente alcançou sua sobriedade. Apesar de ainda não existir o nome Alcoólicos Anônimos, esses três homens constituíram o núcleo do primeiro Grupo de A.A. No outono de 1935, o segundo Grupo foi tomando forma gradualmente em Nova Iorque. O terceiro Grupo iniciou-se em Cleveland, em 1939. Havia-se gasto mais de quatro anos para conseguir 100 alcoólicos sóbrios, nos três Grupos iniciais.
Em princípio de 1939, a Irmandade publicou seu livro de texto básico, Alcoólicos Anônimos. Nesse livro, escrito por Bill, expunha-se a filosofia e os métodos de A.A., a essência dos quais se encontram agora nos bem conhecidos Doze Passos de recuperação. A partir daí, A.A. desenvolveu-se rapidamente.
Também em 1939, o Cleveland Plain Dealer publicou uma série de artigos sobre Alcoólicos Anônimos, seguida por alguns editoriais muito favoráveis. O Grupo de Cleveland, composto por uns 20 membros, logo se viu inundado por incontáveis pedidos de ajuda. Os alcoólicos que chegavam, logo após algumas semanas de sobriedade, eram encarregados de trabalhar com os novos casos. Com isso, deu-se ao movimento uma nova orientação, e os resultados foram fantásticos. Passados poucos meses, o número de membros de Cleveland havia crescido para 500. Pela primeira vez havia evidência de que a sobriedade poderia multiplicar-se, em massa.
Enquanto isso, o Dr. Bob e Bill haviam estabelecido em Nova Iorque, em 1939, uma Junta de Custódios para ocupar-se da administração geral da Irmandade recém-nascida. Alguns amigos de John Rockefeller, Jr. integravam esse conselho, junto com alguns membros de A.A. Deu-se à Junta o nome de Fundação Alcoólica. No entanto, todas as tentativas de se conseguir grandes quantias de dinheiro fracassaram porque o Sr. Rockfeller havia chegado à conclusão prudente de que grandes somas poderiam atrapalhar a nascente Irmandade. Apesar disso, a Fundação conseguiu abrir um pequeno escritório em Nova Iorque, para responder aos pedidos de ajuda e de informações e para distribuir o livro de A.A., um empreendimento, diga-se de passagem, que havia sido financiado principalmente pelos membros de A.A.
O livro e o novo escritório logo se revelaram de grande utilidade. No outono de 1939, a revista Liberty publicou um artigo sobre Alcoólicos Anônimos e, como conseqüência, logo chegaram ao escritório cerca de 800 urgentes pedidos de ajuda. Em 1940, o Sr. Rockfeller organizou um jantar, para dar divulgação à A.A., ao qual convidou muitos de seus eminentes amigos nova-iorquinos. Esse acontecimento suscitou outra onda de pedidos. Cada pedido era respondido com uma carta pessoal e um pequeno folheto. Além disso, fazia-se menção ao livro Alcoólicos Anônimos e logo começou-se a distribuir numerosos exemplares do livro. Ao final do ano, A.A. já tinha 2.000 membros.
Apareceu então, em março de 1941, no Saturday Evening Post, um excelente artigo sobre Alcoólicos Anônimos e a reação foi tremenda. No final daquele ano o número de membros subira a 6.000 e o número de Grupos multiplicara-se proporcionalmente. A Irmandade crescia a passos gigantescos por todas as partes dos EUA/Canadá.
Em 1950, havia no mundo inteiro perto de 100 mil alcoólicos em recuperação. Por mais impressionante que tenha sido esse desenvolvimento, a década de 1940 a 1950 foi de grande incerteza. A questão crucial era se todos aqueles alcoólicos volúveis poderiam viver e trabalhar juntos em seus Grupos. Poderiam manter-se unidos e funcionar com eficácia? Esta pergunta ainda pairava sem resposta. Manter correspondência com milhares de Grupos relativamente a seus problemas particulares chegou a ser um dos principais trabalhos do escritório de Nova Iorque.
Não obstante, no início de 1946, já era possível tirar algumas conclusões bem razoáveis sobre as atitudes, costumes e funções que se ajustariam melhor aos objetivos de A.A. Esses princípios, que haviam surgido a partir das árduas experiências dos Grupos, foram codificadas por Bill, sendo hoje conhecidos pelo nome de As Doze Tradições de Alcoólicos Anônimos. Em 1950, o caos dos anos anteriores quase havia desaparecido. Havia-se conseguido enunciar e por em prática, com êxito, uma fórmula segura para a unidade e o funcionamento de A.A. (Ver a Estrutura de Serviços Gerais dos EUA/Canadá)
Durante essa frenética década, o Dr. Bob dedicava seus esforços ao assunto da hospitalização dos alcoólicos e à tarefa de incutir-lhes os princípios de A.A. Os alcoólicos chegavam em grande número a Akron para obter cuidados médicos no Hospital Saint Thomas, uma instituição administrada pela Igreja Católica. O Dr. Bob se integrou ao corpo médico desse hospital e ele e a irmã Ignatia, também do pessoal do hospital, prestaram cuidados médicos e indicaram o programa a cerca de 5.000 alcoólicos internados. Após a morte do Dr. Bob, em 1950, a irmã Ignatia seguiu trabalhando no Hospital da Caridade, em Cleveland, onde contava com a ajuda dos Grupos de A.A. locais e onde outros 10.000 alcoólicos internados encontraram Alcoólicos Anônimos pela primeira vez. Esse trabalho foi um grande exemplo de boa vontade, que permitiu comprovar que A.A. cooperava eficazmente com a medicina e a religião.
Naquele ano, Alcoólicos Anônimos realizou em Cleveland sua primeira Convenção Internacional. Nessa Convenção o Dr. Bob fez seu último ato perante a Irmandade e, em sua fala de despedida, se deteve na necessidade de se manter simples o programa de A.A. Junto com os outros participantes, ele viu os Delegados aprovarem entusiasmados As Doze Tradições de A.A., para uso permanente da Irmandade em todo o mundo. Faleceu em 16 de novembro de 1950.
No ano seguinte, ocorreu outro acontecimento muito significativo. As atividades do escritório de Nova York haviam sido grandemente ampliadas e passaram a incluir trabalhos de relações públicas, conselhos aos novos Grupos, serviços em hospitais, nas prisões, junto aos Internacionalistas e Solitários e cooperação com outras agências no campo do alcoolismo. O escritório também publicou livros e folhetos “padrão” de A.A. e supervisionava a tradução dessas publicações para outros idiomas. Nossa revista internacional, A.A. Grapevine, já tinha uma grande circulação. Essas atividades, e outras mais, se tornaram indispensáveis para A.A. em sua totalidade.
Não obstante, esses serviços vitais estavam ainda em mãos de uma isolada Junta de Custódios, cujo único vínculo com a Irmandade havia sido Bill e o Dr. Bob. Como os co-fundadores haviam prevista alguns anos atrás, era imperativo vincular os Custódios dos Serviços Mundiais de A.A. (hoje a Junta de Serviços Gerais de A.A.) à Irmandade a qual serviam. Para isso, convocou-se uma reunião de Delegados de todos os estados e províncias dos EUA/Canadá. Assim constituído, esse organismo de serviços mundiais se reuniu pela primeira vez em 1951. Apesar de certa apreensão suscitada pela proposta, a assembléia teve grande êxito. Pela primeira vez, os Custódios, anteriormente isolados, eram diretamente responsáveis perante A.A. na sua totalidade. Havia-se criado a Conferência de Serviços Gerais de A.A. e dessa maneira assegurado o funcionamento global de A.A. para o futuro.
A segunda Convenção Internacional teve lugar em Saint Louis, em 1955, comemorando os 20 anos da Irmandade. Naquela época, a Conferência de Serviços Gerais já havia demonstrado seu real valor. Nessa ocasião, em nome de todos os pioneiros de A.A., Bill transferiu à Conferência e a seus Custódios a futura vigilância e proteção de A.A. Nesse momento a Irmandade tomou posse daquilo que era seu: Alcoólicos Anônimos atingiu sua maioridade.
Se não fosse pela ajuda dos amigos de A.A. nos seus primeiros dias, é provável que Alcoólicos Anônimos nunca tivesse existido. E se não contasse com a multidão de amigos que, desde então, têm contribuído com seu tempo e sua energia – especialmente nossos amigos da medicina, da religião e dos meios de comunicações – A.A. nunca poderia ter crescido e prosperado. A Irmandade expressa sua perene gratidão pela amistosa ajuda.
No dia 24 de janeiro de 1971, Bill faleceu de pneumonia em Miami Beach, Flórida, onde – havia sete meses – pronunciara diante da Convenção Internacional do 35º aniversário suas últimas palavras aos companheiros de A.A.: “Deus os bendiga, a vocês e a Alcoólicos Anônimos, para sempre.”
Desde então A.A. se tornou uma Irmandade mundial, demonstrando que a maneira de viver de A.A. hoje pode superar quase todas as barreiras de raça, de credo e de idioma. A Reunião de Serviço Mundial, realizada pela primeira vez em 1969, vem ocorrendo a cada dois anos desde 1972, alternando sua sede entre Nova Iorque e uma cidade de outro pais. Os Delegados à RSM reuniram-se em Londres (Inglaterra); Helsinki (Finlândia); San Juan del Rio (México); Guatemala (Guatemala); Munique (Alemanha) e Cartagena (Colômbia).
Em 12 de maio de 1935 faz 81 anos que Bill W e Dr. Bob tiveram seu primeiro encontro
Sóbrio havia cinco meses, Bill W. foi enviado pela corretora onde trabalhava para negociar o controle acionário de uma pequena fábrica de ferramentas, da qual poderia se tornar presidente, na cidade de Akron, Ohio. O negócio fracassou e de volta ao Hotel Mayflower, onde se hospedava, teve vontade de beber; porém, considerou que, se conseguisse falar com outro alcoólico, poderia manter a sobriedade. Era um sábado 11 de maio de 1935. No saguão do hotel havia um diretório de Igrejas; colocou seu dedo num nome e telefonou para o Rev. Walter Tunks que lhe deu uma lista com dez nomes de pessoas da comunidade com quem poderia fazer contato.
Só na décima ligação teve sucesso: Norman Shephard dá o nº de telefone de Henrietta Seiberling (1888–1979), que descreve o telefonema: “Era Bill Wilson, e nunca esquecerei o que ele disse: ‘sou do Grupo de Oxford, e sou um sabujo (cão de caça), de bebida alcoólica que vive em Nova York’. Henrietta que estava desesperada para ajudar Bob de algum jeito e não sabia nada sobre o assunto pensou: “Isso é mesmo como maná caído dos céus. ‘Venha já para cá’ Ele veio e ficou para o jantar. Pedi-lhe que me acompanhasse até a igreja na manhã seguinte e contataria Bob. Foi o que fiz”. E se propôs a marcar um encontro com o médico cirurgião Robert Holbrook Smith (Dr. Bob) (1879-1950) – também membro do Grupo de Oxford de Akron havia dois anos e meio – um beberrão cético, já beirando o desprestigio profissional.
O encontro aconteceu no dia seguinte, domingo 12 de maio de 1935 – Dia das Mães – com a condição imposta pelo Dr. Bob de não durar mais de quinze minutos. “Chegamos lá – na casa de Henrietta- às 17h00, e eram 23h15 quando saímos”, contou depois o próprio Dr. Bob, que compareceu acompanhado por sua mulher Anne. Os dois ficaram a sós e Bill fala de sua experiência alcoólica, o sofrimento, as promessas, os fracassos, da visita de Ebby e sua mensagem simples: um alcoólico falando com outro alcoólico; porém, foi citando o Dr. William Duncan Silkworth (1873-1951) ao identificar aquela condição dos dois como uma doença caracterizada por uma obsessão mental seguida de uma alergia física, que o Dr. Bob subitamente compreendeu o que lhe afligia; como médico, nunca tinha pensado nessa possibilidade. Era um leigo falando com um homem da saúde e com aquilo que depois viríamos a entender como a linguagem do coração. Passadas mais de cinco horas de compartilhamento e reciprocidade produziu-se a identificação necessária entre dois alcoólicos que falando de si próprios, um para o outro, conseguem manter-se afastados da bebida, e este gesto ampara toda a proposta de A.A. para seus membros enquanto Ele precisar de nós.
Para a posteridade, um disse do outro:
“Bill foi o primeiro ser humano vivo com quem eu já tinha falado que, inteligentemente, discutiu meu problema a partir de uma experiência real. Ele falou a minha língua”. Dr. Bob.
“Bob foi a rocha sobre a qual A.A. foi fundada. Sob seu apadrinhamento, com um pequeno apoio meu, o primeiro Grupo de A.A. no mundo nasceu em Akron, em junho de 1935”. Bill W.
O alcoólatra é considerado aquele em que se identifica prejuízo social e pessoal em consequência do abuso da bebida, além de sinais de abstinência e dependência do álcool. No entanto, já há algum tempo, as forças estão voltadas a tratar daqueles que possuem características de risco, ou seja, as pessoas que têm tendências a se tornarem dependentes.
Especialistas já apontam para a necessidade de coibir o surgimento de novos alcoólatras, agindo com a conscientização de indivíduos que estão numa linha bem tênue entre o alcoolismo e o “beber socialmente”, termo bastante usado por bebedores em potencial.
Algumas orientações já são amplamente difundidas como saída. De acordo com os Institutos Nacionais de Saúde – NIH – dos Estados Unidos, quem não quer se tornar um alcoolista deve seguir algumas regras, como estipular uma dose máxima por dia (o ideal é que seja uma para mulheres e duas para homens), evitar beber em casa ou sozinho, tomar água, suco ou refrigerante para dar uma pausa no álcool, são algumas das medidas preventivas para refrear os dipsomaníacos.
Dados do Ministério da Saúde mostram que o hábito de consumir excessivamente bebidas alcoólicas vem crescendo ano a ano no Brasil. Segundo a avaliação, quase 20% dos brasileiros estão entre os que bebem demais.
Em todo o caso, é bom lembrar que beber demasiadamente líquidos com teor alcoólico é prejudicial em vários aspectos. Além de ruir com sua saúde, o álcool causa 50% dos acidentes de trânsito, segundo o DETRAN.
O alcoolismo também é responsável por destruir famílias e a vida social de quem bebe muito também pode ir gargalo abaixo, já que ninguém gosta daquele bêbado chato importunando em qualquer ocasião.