O ano de 2012 vai ficar para sempre marcado na memória de Marcos da Silva Gomes, de 28 anos, morador de Jaru (RO), município distante cerca de 290 quilômetros de Porto Velho. Em janeiro daquele ano, a filha dele, Rhayannni Yasmim Gomes, hoje com 4 anos de idade, ingeriu uma pequena quantidade da solução química amônia, o que causou danos, principalmente, na boca e no esôfago da criança.
Desde então, foram inúmeras idas e vindas em vários hospitais, e a menina passou por cerca de 30 cirurgias para reconstrução do canal. Devido ao grave estado de saúde da filha, seguido pelo divórcio da esposa, mãe de Rhayanni, Marcos teve que largar o emprego em que exercia o cargo de serviços gerais, e desde então cuida sozinho da menina.
O acidente
Rhayanni tinha 2 anos quando tudo aconteceu. Marcos conta que a mãe da criança estava descolorindo a perna, e deixou o frasco com amoníaco num lugar baixo e a menina ingeriu o conteúdo. “Fiquei desesperado quando percebi o que tinha acontecido. Levei ela para o hospital tentando reverter. A boca e o esôfago foram danificados, e em tempos depois ela não consegui mais se alimentar por via oral, e foi feito uma traqueostomia”, disse Marcos.
A criança passou por inúmeras cirurgias e chegou a ficar mais de um ano morando dentro de um hospital em Porto Velho, contando sempre com a companhia do pai. “Neste período, ela só se alimentava com leite através de sonda. Eu mesmo dava o alimento para ela, sempre orientado por um médico. Foi um ano e pouco sem comer, mas sempre dava tudo que eu comia para ela, mesmo ela vomitando, porque pra mim um dia isso não ia acontecer mais”, relembra
(Foto: Arquivo Pessoal)
Marcos que conta ainda, que devido a separação com a mãe da menina, ele teve que largar o emprego para poder acompanhar a filha durante o tratamento. “Não estou aqui para denegrir minha ex-esposa, mas para contar os fatos. O fato é que depois do acidente com nossa filha, separamos, e não tivemos mais contato. Ter ficado sozinho nesse momento, não foi fácil nem para mim e nem para minha filha, mas tivemos apoio de parentes e de pessoas que nem conhecíamos, porque muita gente procurou nos ajudar. E agradeço muito a essas pessoas, porque sem trabalhar não tinha como arcar com despesas financeiras, e muita gente nos deu auxílio. Fizeram campanha e até hoje me ligam para saber como ela está. Vou ser eternamente grato”, revela.
Tratamento por tempo indeterminado
Atualmente, após dezenas cirurgias em que Rhayanni se submeteu, ela já tirou a sonda e se alimenta sozinha. No entanto, de acordo com o pai, ela ainda necessita de acompanhamento médico, e por isso, há cerca de um ano, os dois vivem em São Paulo (SP) numa casa de apoio, para que a menina dê continuidade ao tratamento.
“A cada quarenta dias, ela faz uma cirurgia para reconstrução do esôfago. Eu tenho muita fé, e sei que Deus ouve minhas orações e vai curar minha filha totalmente. Acredito no poder do Senhor Jesus. Eu daria minha vida pela dela, e sofri muito com o sofrimento da minha filha. Foi torturante pra mim quando ela chorava de dor”, relembra.
“Sempre fiquei do lado dela, porque a amo. Sei que tem muitos pais que não ligam para seus filhos, e os abandonam a própria sorte. Quando descobri que iria ser pai, eu disse a mim mesmo que seria um bom pai. Minha maior felicidade é minha filha”, concluiu Marcos.
Fonte: G1/ro