As investigações sobre a morte do menino de cinco anos, morto em um suposto ritual satânico, em abril deste ano, em Machadinho D’Oeste (RO), concluíram que a avó da criança, Nilzete Ribeiro da Silva, estava na casa onde a criança foi morta, mas nada fez para impedir o crime. A defesa entrou com recurso na justiça para que ela aguarde a decisão em liberdade. O executor da criança, Josiel dos Santos Costa, foi condenado a 22 anos e quatro meses de prisão.
“Não tenho culpa, fiz o que pude e não ajudei a matá-lo. Eu pedi socorro, mas ninguém apareceu para ajudar. Estou levando uma vida só na base do remédio, e se for condenada, vou com a consciência limpa”, alega Nilzete. Sobre a denúncia de ritual satânico, ela diz que o assassino balançava um ramo de árvore, mas não sabe dizer se era um ritual, pois ela teria fugido de casa com outros netos, sendo proibída por Josiel de levar a vítima.
A suspeita e o marido cuidavam de quatro netos, sendo, além do menino assassinado, as irmãs dele, de 3 e 6 anos, e um primo de 7 anos. No dia do crime o avô estava na cidade e, segundo a polícia, não tem envolvimento na morte. As três crianças estão abrigadas em um lar do município. A Secretaria Municipal de Assistência Social afirma que os menores passaram por uma avaliação geral de saúde, estão estudando e são acompanhados por psicólogos. As famílias pediram a guarda, e aguardam decisão da justiça.
O caso comoveu os moradores da cidade, entre eles o coveiro do cemitério onde a criança foi enterrada, Uilis Ramos, de 48 anos. “Foi um dos enterros mais emocionantes, nesses onze anos de profissão. É um caso muito triste e que chocou a todos na cidade. Até hoje algumas mães vêm aqui e pedem para ver o túmulo do menino”, diz o coveiro.
O caso
De acordo com a polícia, a criança foi encontrada sobre uma mesa, com as mãos amarradas para trás e com um fio amarrado no pescoço, onde havia um corte profundo. No local havia temperos como cebola e alho, além de uma imagem sacra e um espelho quebrado. Josiel foi preso no dia seguinte ao crime, e confessou o homicídio. Ele alega que estava bêbado e não disse a razão do crime.
O depoimento da avó foi contraditório, segundo a polícia. Na época ela disse que o suspeito chegou à sua casa alegando que o proprietário das terras o havia contratado para colher café, e que precisaria de abrigo. No entanto, após dar abrigo ao homem, ele teria passado a agredi-la. Um vizinho disse que a avó chegou a dizer com tranquilidade: “o negão vai matar o meu neto”, e que quis chamar a polícia, mas ela disse que não era preciso.
G1/Rondônia