As famílias que ocuparam o Conjunto Habitacional Jardim Europa, localizado no Km 2 da Linha 627, em Jaru, há quase um mês estão vivendo em condições sub-humanas. A ocupação aconteceu no último dia 14 de junho e hoje estão residindo no local 394 famílias, que não contam com energia elétrica, água tratada, coleta de lixo e transporte escolar.
O Jardim Europa foi ocupado por famílias que não tinham onde morar e, cansaram de esperar a distribuição das casas populares, que estão com a finalização das obras paralisadas devido a um imbróglio judicial, resolveram invadir os imóveis até que o caso seja resolvido ou haja a reintegração de posse.
Na manhã desta quarta-feira (09) a reportagem do site Anoticiamais esteve no local e presenciou um grupo de mães, acompanhadas dos filhos, lavando louças numa pequena mina que brota às margens daquela vicinal, bem próximo ao conjunto habitacional, por falta de rede de água tratada naquele residencial.
Segundo a moradora Andréia Costa Farias, 25 anos, ela reside em Jaru há cerca de 4 anos, onde morava de aluguel, e está residindo no local desde a ocupação juntamente com os dois filhos, um de 6 anos e outro de 1 ano e seis meses, e vem passando grandes dificuldades, uma vez que, além da falta de água e luz, está desempregada e o marido também não está podendo trabalhar pois está acidentado, tendo sofrido um corte no pé que levou 19 pontos e uma forte torção no joelho.
A cunhada de Andréia, Vanessa Aparecida Alves, 22 anos, também está residindo no Jardim Europa e vem encontrando as mesmas dificuldades. Ela tem três filhos menores de idade, de 6 e 2 anos e uma filha de 4 meses, e sobrevive com apenas um salário mínimo ganho pelo esposa que trabalha como servente de pedreiro. “A falta de energia a gente consegue viver, mas sem água está sendo muito difícil suportar”, declarou ela, que também tem que utilizar a pequena mina para lavar louça, assim como a cunhada e a outra moradora, Lucilene Ferreira Coimbra, 32 anos, que mora com uma filha de apenas dois meses.
Durante a entrevista nossa reportagem flagrou uma criança bebendo a água recolhida da mina e que estava em um balde, mas que não oferecia as mínimas condições de consumo.
Outro morador que reclama da situação é Adalto José da Silva, 55 anos, que reside em Jaru há 24 anos e está cuidando da casa da filha de apenas 17 anos, que é casada e também está morando num dos imóveis ocupados.
O morador do Jardim Europa, Cleberson Alves, 25 anos, disse que participou juntamente com outros representantes do movimento de ocupação no último dia 26 de junho de uma reunião na Prefeitura de Jaru com os secretários municipais de Obras e Serviços Públicos, Valdir de Jesus, e de Educação, Leomar Lopes Emanuel, onde fizeram algumas reivindicações. Segundo Cleberson, eles solicitaram ao secretário de Obras que fosse disponibilizado um caminhão para realizar a coleta de lixo naquele conjunto habitacional, que os próprios moradores realizariam o serviço de recolher o material sólido, mas Valdir teria dito que não seria possível. Ele declarou que também foi pedido ao secretário de Educação para disponibilizar um ônibus para realizar o transporte escolar dos alunos que ali residem, cerca de 600 crianças e jovens, mas também teve o pedido negado.
O morador do Km 2,5 da Linha 627, Gilberto Alves Sobrinho, 43 anos, que por morar em uma propriedade rural vizinha ao Jardim Europa tem acompanhado de perto o sofrimento daquelas famílias, fez a seguinte declaração: “Independente dos ocupantes desses imóveis estarem certos ou errados, o poder público tem que garantir o mínimo de dignidade àquelas famílias”.
Fonte: Anoticiamais
Autor: Flávio Afonso