Na fila havia todo tipo de carga que com destino a Rio Branco (AC) e outras cidades do estado vizinho de Rondônia. Muitos caminhoneiros chegaram ainda na terça-feira (20) de manhã. Ônibus interestaduais que chegaram também não conseguiam seguir viagem. O problema estava a poucos quilômetros de Abunã. Um atoleiro de pelo menos um quilômetro bem pertinho da balsa que faz a travessia do rio.
O caminhoneiro Rodrigo Frigeri estava transportando frango congelado. Ele disse que estava há mais de 24 horas parado na rodovia. “Tem que cuidar o frio. Torcer que saia logo e não termine o combustível. Porque se terminar, a carga amolece e o cliente não recebe”, afirmou o motorista Rodrigo Frigeri.
Na pista, do asfalto ficou só a lembrança, depois da enchente que deixou vários trechos inundados durante quase três meses. O rio baixou, mas a terra virou lama. E piorou com as chuvas intensas dos últimos dias. Os veículos pesados têm mais dificuldade de passar pelo trecho. Alguns atolam e a situação fica muito pior. São horas até conseguir retirar o veículo e liberar a passagem. “Mais de 24 horas que estou, sem banho, água potável está acabando e a gente está aí”, reclamou o caminhoneiro Rogério Cabral.
Uma máquina do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit) tentava diminuir as dificuldades retirando o barro. Mas a estrada estava muito molhada, o que dificultou o trabalho.
O atraso de um dia de viagem atrapalha a vida dos caminhoneiros que têm prazo para entregar as cargas. Um caminhão carregado de animais quase não consegue passar. Passageiros de ônibus também aguardam e ficam irritados com a demora. É preciso paciência. Só um veículo passa por vez. Ainda bem que caminhoneiro é prevenido. “Daqui a pouco acaba a água, a comida e nós não temos nada. Vamos ficar aqui até quando?”, questiona Francisca Limeira da Silva, passageira de ônibus.
Por telefone, o superintendente do Dnit, Fabiano Cunha, disse que uma empresa já está contratada para fazer terraplanagem no local, mas, devido às chuvas, não foi possível iniciar o serviço.
Cheia histórica
A cheia histórica do Rio Madeira atingiu mais de 30 mil pessoas em todo o estado, chegando a marca de 19,74 metros no dia 30 de março. Segundo a aferição da Agência Nacional de Águas (ANA), a nível do Madeira caiu para 17 metros nesta quarta. Para recuperar os locais afetados pela inundação, o governo de Rondônia está preparando um Plano de Reconstrução e Prevenção de Desastres para ser apresentado ao Governo Federal com a finalidade de angariar recursos.