A Polícia Federal prendeu mais um envolvido no suposto esquema de desvio de verbas públicas e direcionamento de licitações no governo de Rondônia. Ao todo, quatro mandados de prisão temporária foram cumpridos e 129 pessoas foram conduzidas para prestar depoimento nesta quinta-feira (20), durante a Operação Plateias, iniciada nesta manhã, que revelou uma organização criminosa, formada por lobistas e agentes públicos, que teria desviado mais de R$ 57 milhões, em contratos que chegam a quase R$ 300 milhões.
O governador do estado, Confúcio Moura (PMDB), é apontado como um dos envolvidos e prestou esclarecimentos na superintendência da PF, em Porto Velho. Em nota, o chefe do Executivo disse que se coloca à disposição para divulgar as informações necessárias ao bom andamento das investigações e que apoia integralmente qualquer iniciativa que tenha por fim combater eventuais crimes ao erário público. Confúcio foi à sede da PF em cumprimento a mandado de condução coercitiva – quando a pessoa não é presa, mas é obrigada a ir para a Polícia Federal, mesmo que se recuse a prestar declarações.
Segundo a PF, das quatro prisões, duas foram efetuadas em Porto Velho, uma em Ji-Paraná (RO) e uma em Brasília (DF). Até as 14h16 (horário local), três envolvidos haviam sido presos e um ainda era procurado. O quarto detido foi localizado pelos agentes no final da tarde desta terça, na capital de Rondônia.
Do total de 163 mandados de condução coercitiva, 129 foram cumpridos em nove estados e no Distrito Federal. Foram localizadas e ouvidas 107 pessoas em Rondônia, 1 no Acre, 1 no Amazonas, 7 em Brasília, 7 em Goiás, 1 no Pará, 1 no Rio de Janeiro, 2 em São Paulo e 1 em Sergipe. Não foram localizadas 27 pessoas, sendo 17 em Rondônia, 1 no Acre, 1 no Amazonas, 1 na Bahia, 1 em Brasília, 2 em Goiás, 3 no Pará e 1 na Espanha.
O esquema
Segundo as investigações, que tiveram início em 2012, empresas interessadas em participar de licitações do governo de Rondônia eram obrigadas a fazer doações a campanhas eleitorais. As licitações eram direcionadas para serem vencidas pelas companhias que faziam parte do esquema criminoso. Em alguns casos, havia até mesmo dispensa de concorrência pública.
Também foram verificados pagamentos indevidos a agentes públicos. Teria sido criado um fundo de propina que chegava movimentar cerca de R$ 2 milhões por mês.
Foram encontradas irregularidades na Companhia de Água e Esgoto de Rondônia (Caerd) e em oito secretarias do atual governo: Saúde, Justiça, Educação, Desenvolvimento Ambiental, Assistência Social, e Obras e Serviços Públicos.
Entre os contratos investigados estão o da construção de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), o de fornecimento de alimentos a hospitais e presídios e o de compra de medicamentos.