A Polícia Federal indiciou o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro dentro de inquérito da Operação Lava Jato. Também foram indiciados pelos mesmos crimes o cunhado do senador, Paulo Roberto Rocha, e uma ex-funcionária do gabinete de Raupp, Maria Cleia de Oliveira.
As suspeitas, apontam a PF, são do recebimento de propina de R$ 500 mil por meio de doação oficial para candidatura ao Senado em 2010.
O indiciamento torna o suspeito formalmente investigado e só pode ser efetivado por um ato policial. Agora, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, vai analisar o material e decidir se denuncia ou não Valdir Raupp ao Supremo Tribunal Federal (STF). Caso o PGR denuncie o senador, caberá ao STF decidir se o transforma ou não em réu.
Em nota, o senador alega que a doação foi feita ao diretório estadual do PMDB, e não a sua campanha, e que o repasse foi declarado e aprovado pela Justiça Eleitoral. Raupp afirma ainda ‘estranhar’ a decisão (leia a íntegra ao final desta reportagem).
O indiciamento foi assinado no último dia 6 pela delegada Graziela Machado da Costa e Silva, que conduz o inquérito sobre Raupp que corre no Supremo. A defesa do senador juntou o documento em um recurso contra o indiciamento, apresentado ao tribunal nesta terça-feira (13).
A defesa de Raupp afirma que o entendimento consolidado do STF proíbe que parlamentares sejam indiciados.
A PF apontou que os indícios da investigação, como emails de dirigentes da construtora e recibos de doações reforçaram as suspeitas apontadas em acordos de delação premiada. Foram apontados ainda telefonemas trocados e reuniões entre o senador e delatores da Lava Jato, como o ex-diretor da PetrobrasPaulo Roberto Costa, o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, e o doleiro Alberto Youssef.
“Os elementos iniciais indicativos da existência da solicitação de vantagem
indevida através de doação oficial, como forma de ocultar sua origem, acompanharam
as colaborações premiadas de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef”, afirmou a delegada responsável.
Em delação premiada na Operação Lava Jato, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa disse que o senador Valdir Raupp era um dos beneficiados com dinheiro desviado da estatal por meio de transferências realizadas pelo operador Fernando Soares, o Fernando Baiano.
Nota do senador Valdir Raupp
O senador Valdir Raupp esclarece que a doação de R$ 500 mil foi feita ao diretório estadual do PMDB de Rondônia e não a sua campanha, em 2010 tendo sido, oficialmente, declarada e aprovada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RO) e pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), conforme determina a legislação em vigor.
Para o senador é de se estranhar o seu indiciamento, tendo como base uma doação legal e legítima para o Diretório estadual na campanha de 2010.
Afirma o senador que as provas apresentadas são frágeis e insuficientes para o seu indiciamento e que provará junto ao Ministério Público que não cometeu nenhum ato ilícito.
Fonte: G1