A poda dos ipês plantados no canteiro central da avenida Dom Pedro I, no Setor 05, em Jaru, por parte de uma empresa terceirizada pela Prefeitura Municipal revoltou algumas pessoas que entendem que o mês de julho não é a época correta para tal serviço. A poda nesta época pode diminuir consideravelmente a flora, além de ser prejudicial ao ecossistema.
Uma das pessoas que se revoltaram com o serviço foi a professora Maria Isabel Batista Pelozato, moradora da avenida Dom Pedro e responsável pelo plantio daquelas árvores. Ela ficou indignada com a poda e reclamou na Prefeitura, que ordenou que o serviço fosse suspenso pela empresa.
Porém, das cerca de 80 árvores de ipê, boa parte delas, que corresponde entre rua Princesa Izabel e a avenida Rio Branco, foi realizada a poda. Segundo um especialista que preferiu não se identificar, a poda também estava sendo realizada de forma errada, cortando os galhos centrais, provavelmente com o intuito de que não crescessem muito. “Eles não tem noção do problema que estão causando ao meio ambiente, apenas para evitar o crescimento excessivo dessas plantas, como se estivessem querendo cultivar uma espécie de bonsai (árvore miniatura cultivada pelos japoneses)”, declarou ele.
As cidades de Rondônia ficam mais bonitas e coloridas nesta época do ano, graças ao ipê, árvore nativa que representa a nacionalidade. Há três espécies mais conhecidas de ipê, sendo elas o ipê roxo, que é o primeiro a florir: de maio a julho (nos lugares mais frios e de junho a agosto), nos mais quentes, no caso de Rondônia o ipê roxo floresce de junho até o final deste mês. O ipê-amarelo floresce entre agosto e o começo de setembro, ainda tem o ipê branco, mais raro em Rondônia, essa qualidade de Ipê é mais frequente nos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais, onde ele floresce de setembro a outubro.
A espécie é caducifólia e a queda das folhas coincide com o período de floração. A floração inicia-se no final de agosto, podendo ocorrer alguma variação devido a fenômenos climáticos. Como a espécie floresce no final do inverno é influenciada pela intensidade do mesmo. Quanto mais frio e seco for o inverno, maior será a intensidade da florada do ipê amarelo.
As flores por sua exuberância, atraem abelhas e pássaros, principalmente beija-flores que são importantes agentes polinizadores. Já as sementes são dispersas pelo vento.
Podas de rejuvenescimento são mais indicadas ao final do inverno, pois é quando o crescimento vegetativo é retomado. A fase de lua minguante é também ideal, já que a seiva das plantas reflue para a raiz, fazendo com que a poda dos galhos e folhas desperdice menos seiva. E finalmente a poda no período da tarde permite que as plantas tenham o período noturno para cicatrizar os cortes.
Devemos sempre ter em mente que muitas outras vidas dependem das árvores, como os passarinhos e seus ninhos, lagartas que se transformarão em belas borboletas, formigas e até mesmo microorganismos que equilibram o ecossistema. Por isso, antes de podar observe e planeje para evitar maiores danos para estes outros seres vivos tão importantes.
A poda não elimina somente a parte áerea das plantas (folhas e galhos) mas também a vida no solo (fungos, bactérias, nemaltóides, etc) que dependem das “sobras” da fotossíntese eliminadas pelas raízes. A poda dificulta a ação desses microorganismos, que auxiliam na dissolução de minerais importantes na alimentação das plantas. Ou seja, está tudo ligado através da cadeia alimentar.
Fonte: Anoticiamais
Autor: Flávio Afonso